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ALFONSO QUIJADA URÍAS
Também conhecido como Alfonso Kijadurías.
(Quezaltepeque, 1940- )
Poeta e narrador.
Publicou Poemas (1967), Los Estados sobrenaturales y otros poemas (1975) y Fundación de poetas (1980).
MI PRIMER VIAJE A SAN SALVADOR
Un tren a San Salvador, aquel año, leyendo los
itinerarios de mi país.
Viendo los cerros, los niños acurrucados,
el polizón metido en el excusado
y madre frente a mí como Madame Bovary:
Hermoso fue mi país visto en tren
con sus mendigos en cada estación olorosos
a. estiércol,
y sus ríos cargados de cadáveres
corriendo río abajo.
Fue el primero y mejor de los viajes,
madre señalaba los clavelones,
Lejos reían extenuados los asaltantes de caminos,
—Alfonso, te gustará la basílica— preguntaba
mi madre,
y yo cargaba con la fiebre de las imágenes hermosas
de mi país.
Allí en los negros asientos
donde iban los ciegos que robaban el pan.
En el mismo vagón de los guar,dias del 32
( que hicieron mierda la zona occdental)
y donde yo maté aquel año
leyendo los itinerarios de mi país.
MELLO, Thiago de. Poetas da América de canto castellano. Seleção, tradução e notas de Thiago de Mallo. São Paulo: Global, 2011. 495 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
Tradução de THIAGO DE MELLO:
A CIDADE E A POESIA
À minha pobreza e a meu ofício peço contas
cada dia, ao declinar meus despertares, toco o
mistério
de cada uma das coisas deste mundo. Do mar fica
a espuma
solitária e delgada, quase no ar,
meus dedos ficarão vazios, fazendo sinais
e meus olhos de novo se rodearão de escuridão.
Sempre a cidade lá fora, entre as frutas
e o apodrecido cheiro da concha ou a solene angústia
dos hospitais
Toco meu coração para ver a cidade e querê-la com
sua febre,
com sua luz encolhida nos subúrbios.
Abro meus olhos para ver sua miséria, sua pobre
gente silenciosa
quando a noite declina.
É a hora da luz dolorosa das fábricas
do espasmo e das furiosas engrenagens,
esta beleza desconhecida pelos antigos,
esta cidade formosa e enferma.
À minha pobreza e meu ofício peço contas nesta
hora.
Hoje a meus vinte e cinco anos de idade,
o solitário,
contemplando a débil luz das fábricas,
ouvindo o grito das parturientes.
Eu, o perseguido, enfermo no cinema,
Eu, o desvelado, o poeta,
Eu, o que não sou e estou em toda parte.
À minha pobreza e a meu ofício peço contas.
Que hino cantarei? Em que batalha combaterei?
Onde estou?
Em que poço?
Hoje escrevo para todos ainda que ninguém me
entenda.
Que importa se me entendem? Se a poesia sempre foi
terrível,
escura e frágil,
se os poetas sempre fomos inimigos da ordem,
calculadores da bondade?
Oh, abri as portas, deixai entrar a luz.
TODA CABEÇA ENFERMA
Toda cabeça enferma, todo coração dolente,
não há coisa ilesa senão feridas.
Nada está curado, nem suavizado com azeite.
Nosso país está destruído,
nossas cidades postas a fogo,
nossa terra diante de nós comida de estrangeiros
e arrasada como arrasamento de estranhos.
Aqueles que estabelecem leis injustas e determinando
prescrevem tiranias,
para levar os pobres à loucura.
Quem nos ajudará quando chegar de longe o
arrasamento?
Onde ficará toda a sua glória?
Grita oh porta, clama oh cidade porque virá fumaça
e não restará um só em suas assembleias.
MINHA PRIMEIRA VIAGEM DE TREM
A SAN SALVADOR
A Claribel Alegria
De trem a San Salvador, naquele ano, lendo os
itinerários de meu país.
Vendo os montes, as crianças de cócoras,
o policial metido na centina
a mãe na minha frente como Madame Bovary.
Formoso foi meu país visto de trem
com seus mendigos em cada estação, fedendo a
esterco;
e seus rios carregados de cadáveres
correndo rio abaixo.
Foi a primeira e a melhor das viagens.
Mãe mostrava as flores grandes.
Longe riam extenuados os assaltantes de caminhoss;
— Alfonso, tu vais gostar da basílica? — perguntava
minha mãe
e eu sentia a febre das imagens bonitas
do meu país.
Ali nos negros assentos
onde viajavam os cegos sque roubavam o pão;
No mesmo vagão que chegaram os guardas do 32
(e fizeram merda na zona ocidental)
e onde eu viajei naquele ano
lendo os itinerários do meu país.
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Página publicada em maio de 2021.
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